domingo, 29 de setembro de 2019

Da relação entre crença pessoal e afeto




Devemos admitir que nossas crenças pessoais se formam de modo misterioso. Evidente que a família onde nos criamos e as crenças em que somos iniciados na mais tenra idade exercem grande influência sobre nossas escolhas, mas elas não são os fatores determinantes. Há casos e mais casos de pessoas criadas em determinada crença passarem a abraçar outra, diametralmente oposta àquela.

Alguns até alegam que formaram suas crenças por esforços reflexivos em um estado de solidão, mas, duvido bastante dessa afirmação. É bem provável que nossas escolhas se deram mais por razões afetivas do que racionais. Em geral, uma mulher que viveu em um lar conservador, onde os principais defensores desse conservadorismo sejam pessoas rígidas e cruéis, dificilmente vai ser uma pessoa conservadora no futuro. E há casos em que indivíduos, profundamente feridos em meios progressistas, resolveram abraçar a ideologia oposta. Em geral, é assim que se dão as grandes mudanças de crenças pessoais entre os indivíduos. Foi o afeto que nos atraiu a determinada corrente. Só depois dessa atração afetiva, advém a necessidade de formulação lógica. Isso porque a conquista de uma pessoa começa pelo coração, para depois se conquistar a mente. 

Por falta de compreensão desta verdade, muitos falham grotescamente ao tentar difundir um ideal,  a força de bons argumentos, mas com modos grosseiros. Em geral, os efeitos de tal empreitada não costumam ser nada satisfatórios.



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