A histeria ambiental
que se deflagrou repentinamente na última semana, com grandes labaredas de
fúria, por certo, bem maiores que as que diziam consumir a Amazônia, se
personificou numa frágil menina, portadora da Síndrome de Asperger. Até então,
aquela histeria não tinha rosto, nem representante oficial. Embora, aqui e
acolá surgia um Al-Gore, um Arnold Schwarzenegger, uma Gisele Bünchen, e outras
figuras que posavam com a bandeira ambiental, saindo de cena assim que a
batalha colocava em risco suas reputações. Nada mais conveniente a seus
intentos do que escolher uma menina frágil e com espectro autista para ir para
a linha de frente e sofrer as consequências de uma luta inglória. Os grandes
líderes por trás da ideologia ambiental não estavam minimamente dispostos a se
expor ao mundo; ser objeto de chacota mundial. Observe que os grandes nomes
desta ideologia: o sr. Gorbatchev, em especial, raramente dá as caras, embora,
seja o grande arquiteto dessa luta inaugurada com sua “Carta da Terra”. Por
outro lado, totalmente alheia aos reais intentos da ideologia ambientalista, Greta
Thunberg segue sendo ridicularizada mundo a fora com uma torrente infindável de
memes. Sem dúvida, é um tanto quanto
cômico ver uma adolescente rica falar de realidades que não conhece em absoluto,
com pouca experiência de vida, pouco conhecimento de causa e pouca consciência
das teias políticas em que foi embaraçada, ir a uma Assembléia de líderes
mundiais, e em discurso dramático, simplificar da forma infantil questões
complexas e, ainda assim, receber os calorosos e previsíveis aplausos da insignificante e megalomanica
lacrosfera, cuja influencia hoje, não passa de alguns poucos lares
progressistas, enquanto o resto do mundo simplesmente ri da péssima atuação da
adolescente. Mas, o que me chama a atenção não é a figura frágil de Greta, são
os atores que a colocaram na linha de frente da batalha para ser capitulada nos
primeiros instantes. Eles são plenamente conscientes das fragilidades da
mocinha sueca e das nefastas consequências psicológicas que essa exposição lhe
deixarão. Qualquer bom estrategista sempre escolhe um suicida para instantes
decisivos --- o famoso “bucha de canhão”. Mesmo que o soldado nem imagine que
esteja sendo enviado a uma missão suicida. Eis o caso de Greta Thunberg.
segunda-feira, 30 de setembro de 2019
domingo, 29 de setembro de 2019
Da relação entre crença pessoal e afeto
Devemos
admitir que nossas crenças pessoais se formam de modo misterioso. Evidente que
a família onde nos criamos e as crenças em que somos iniciados na mais tenra
idade exercem grande influência sobre nossas escolhas, mas elas não são os
fatores determinantes. Há casos e mais casos de pessoas criadas em determinada
crença passarem a abraçar outra, diametralmente oposta àquela.
Alguns
até alegam que formaram suas crenças por esforços reflexivos em um estado de
solidão, mas, duvido bastante dessa afirmação. É bem provável que nossas
escolhas se deram mais por razões afetivas do que racionais. Em geral, uma
mulher que viveu em um lar conservador, onde os principais defensores desse
conservadorismo sejam pessoas rígidas e cruéis, dificilmente vai ser uma pessoa
conservadora no futuro. E há casos em que indivíduos, profundamente feridos em
meios progressistas, resolveram abraçar a ideologia oposta. Em geral, é assim
que se dão as grandes mudanças de crenças pessoais entre os indivíduos. Foi o
afeto que nos atraiu a determinada corrente. Só depois dessa atração afetiva,
advém a necessidade de formulação lógica. Isso porque a conquista de uma pessoa
começa pelo coração, para depois se conquistar a mente.
Por falta de compreensão desta verdade, muitos falham grotescamente ao tentar difundir um ideal, a força de bons argumentos, mas com modos grosseiros. Em geral, os efeitos de tal empreitada não costumam ser nada satisfatórios.
sábado, 7 de setembro de 2019
Sobre utilidade e valor
Wladimir Volegov, “Near lake”, 92x73 cm, oil on canvas. December 2017 |
Lembra-te que as coisas mais belas do mundo são também as mais inúteis.
John Ruskin, As pedras de Veneza, I
***
Uma das
coisas mais intrigantes de nossa sociedade é o fato de que: poetas, filósofos,
pintores, e tantos outros representantes das artes e ciências ocupem certo
lugar de destaque em uma sociedade que os ignora totalmente. Evidentemente, o
leitor encontrará uma grave contradição no que afirmo: se possuem lugar de
proeminência, como podem ser ignorados? Os eruditos, sempre em número escasso,
sabem da importância de Shakespeare, Dante, Goethe, Einstein, Newton, etc. Mas,
o homem comum, parcela superior numérica da sociedade, pouco caso faz de suas
existências. Encontrar quem leu os clássicos filosóficos e literários é tão difícil
quanto encontrar agulha num palheiro. O homem comum, em sua vida ordinária,
pouco importa-se com quem ganhou o prêmio Nobel de literatura no ano corrente;
quem foi Shakespeare; o que foi a revolução de Duschamps na arte. Para ele, essas
questões dificilmente tomam espaço em suas discussões de final de semana com os
amigos. Ao menos no Brasil é assim. O resultado do campeonato de futebol; o
capítulo da telenovela, o resultado da mega-sena, lhe interessam muito mais do
que todo esse vozerio literário e artístico. É provável até que, em sua vida
cotidiana, você não conheça uma única pessoa que conheça as obras de
Shakespeare; que saiba discutir as questões aristotélicas e platônicas; que
conheça com profundidade pontos fundamentais da história universal; que esteja
atento aos reais problemas políticos; que apreciem a boa arte clássica; a
música erudita; que se vista e porte-se com elegância... No geral, irás
encontrar pessoas ordinárias, cuja maior preocupação é sobreviver, e nessa lida,
ignoram tudo o que a alta cultura produziu. O maior desafio, dizem alguns, é
provar a estas pessoas que arte e cultura possuam alguma importância em suas
vidas. Mas a grande verdade é que, alta cultura não foi feita para o deleite de
todos. Tão pouco será fácil provar que elas possuam alguma utilidade
extraordinária.
A grande verdade é que a alta cultura é um arcabouço de
coisas inúteis... Elas não satisfazem nenhuma necessidade imediata e inadiável do homem; ela
não sacia a fome e a sede de ninguém; não cura enfermos; não abriga famílias... Pergunte-se, o que uma família carente de tudo faria com um
concerto de Bach ou com a obra completa de Shakespeare? É bem provável que ele
espere o concerto acabar para pedir os pratos da percursão para usar na cozinha
e os livros de Shakespeare para acender sua lareira. Reconhecendo a completa
inutilidade da literatura; da música, da pintura para a existência do homem, reconhecemos,
porém, o seu valor incalculável e a sua necessidade intima para o homem... E o
mais extraordinário: que embora inúteis, nenhuma sociedade viveu sem elas. Há
coisas inúteis sem as quais nenhum homem parece viver sem. E isso é o mais estarrecedor.
Nem tudo que é inútil é sem valor... Há coisas sem qualquer utilidade cujo
valor excede o que mais útil o homem comum julga; e há coisas de grande
utilidade sem valor. Valor e utilidade nem sempre são complementares. E é
exatamente esse interesse por certas coisas que não são de todo uteis que nos
coloca acima dos animais: imagine, pois, que os únicos interesses dos homens
sejam: dormir, comer, beber transar e ter filhos. Que vida mais sombria teríamos?
Retire todo o aparato artístico, filosófico e literário de nossa sociedade e
deixe apenas as necessidades biológicas e vereis o caos em seus extremos.
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