segunda-feira, 30 de setembro de 2019

Uma pobre menina rica a serviço de uma causa inglória




       A histeria ambiental que se deflagrou repentinamente na última semana, com grandes labaredas de fúria, por certo, bem maiores que as que diziam consumir a Amazônia, se personificou numa frágil menina, portadora da Síndrome de Asperger. Até então, aquela histeria não tinha rosto, nem representante oficial. Embora, aqui e acolá surgia um Al-Gore, um Arnold Schwarzenegger, uma Gisele Bünchen, e outras figuras que posavam com a bandeira ambiental, saindo de cena assim que a batalha colocava em risco suas reputações. Nada mais conveniente a seus intentos do que escolher uma menina frágil e com espectro autista para ir para a linha de frente e sofrer as consequências de uma luta inglória. Os grandes líderes por trás da ideologia ambiental não estavam minimamente dispostos a se expor ao mundo; ser objeto de chacota mundial. Observe que os grandes nomes desta ideologia: o sr. Gorbatchev, em especial, raramente dá as caras, embora, seja o grande arquiteto dessa luta inaugurada com sua “Carta da Terra”. Por outro lado, totalmente alheia aos reais intentos da ideologia ambientalista, Greta Thunberg segue sendo ridicularizada mundo a fora com uma torrente infindável de memes. Sem dúvida, é um tanto quanto cômico ver uma adolescente rica falar de realidades que não conhece em absoluto, com pouca experiência de vida, pouco conhecimento de causa e pouca consciência das teias políticas em que foi embaraçada, ir a uma Assembléia de líderes mundiais, e em discurso dramático, simplificar da forma infantil questões complexas e, ainda assim, receber os calorosos  e previsíveis aplausos da insignificante e megalomanica lacrosfera, cuja influencia hoje, não passa de alguns poucos lares progressistas, enquanto o resto do mundo simplesmente ri da péssima atuação da adolescente. Mas, o que me chama a atenção não é a figura frágil de Greta, são os atores que a colocaram na linha de frente da batalha para ser capitulada nos primeiros instantes. Eles são plenamente conscientes das fragilidades da mocinha sueca e das nefastas consequências psicológicas que essa exposição lhe deixarão. Qualquer bom estrategista sempre escolhe um suicida para instantes decisivos --- o famoso “bucha de canhão”. Mesmo que o soldado nem imagine que esteja sendo enviado a uma missão suicida. Eis o caso de Greta Thunberg.    

domingo, 29 de setembro de 2019

Da relação entre crença pessoal e afeto




Devemos admitir que nossas crenças pessoais se formam de modo misterioso. Evidente que a família onde nos criamos e as crenças em que somos iniciados na mais tenra idade exercem grande influência sobre nossas escolhas, mas elas não são os fatores determinantes. Há casos e mais casos de pessoas criadas em determinada crença passarem a abraçar outra, diametralmente oposta àquela.

Alguns até alegam que formaram suas crenças por esforços reflexivos em um estado de solidão, mas, duvido bastante dessa afirmação. É bem provável que nossas escolhas se deram mais por razões afetivas do que racionais. Em geral, uma mulher que viveu em um lar conservador, onde os principais defensores desse conservadorismo sejam pessoas rígidas e cruéis, dificilmente vai ser uma pessoa conservadora no futuro. E há casos em que indivíduos, profundamente feridos em meios progressistas, resolveram abraçar a ideologia oposta. Em geral, é assim que se dão as grandes mudanças de crenças pessoais entre os indivíduos. Foi o afeto que nos atraiu a determinada corrente. Só depois dessa atração afetiva, advém a necessidade de formulação lógica. Isso porque a conquista de uma pessoa começa pelo coração, para depois se conquistar a mente. 

Por falta de compreensão desta verdade, muitos falham grotescamente ao tentar difundir um ideal,  a força de bons argumentos, mas com modos grosseiros. Em geral, os efeitos de tal empreitada não costumam ser nada satisfatórios.



sábado, 7 de setembro de 2019

Sobre utilidade e valor



Wladimir Volegov, “Near lake”, 92x73 cm, oil on canvas. December 2017




Lembra-te que as coisas mais belas do mundo são também as mais inúteis.
John Ruskin, As pedras de Veneza, I



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            Uma das coisas mais intrigantes de nossa sociedade é o fato de que: poetas, filósofos, pintores, e tantos outros representantes das artes e ciências ocupem certo lugar de destaque em uma sociedade que os ignora totalmente. Evidentemente, o leitor encontrará uma grave contradição no que afirmo: se possuem lugar de proeminência, como podem ser ignorados? Os eruditos, sempre em número escasso, sabem da importância de Shakespeare, Dante, Goethe, Einstein, Newton, etc. Mas, o homem comum, parcela superior numérica da sociedade, pouco caso faz de suas existências. Encontrar quem leu os clássicos filosóficos e literários é tão difícil quanto encontrar agulha num palheiro. O homem comum, em sua vida ordinária, pouco importa-se com quem ganhou o prêmio Nobel de literatura no ano corrente; quem foi Shakespeare; o que foi a revolução de Duschamps na arte. Para ele, essas questões dificilmente tomam espaço em suas discussões de final de semana com os amigos. Ao menos no Brasil é assim. O resultado do campeonato de futebol; o capítulo da telenovela, o resultado da mega-sena, lhe interessam muito mais do que todo esse vozerio literário e artístico. É provável até que, em sua vida cotidiana, você não conheça uma única pessoa que conheça as obras de Shakespeare; que saiba discutir as questões aristotélicas e platônicas; que conheça com profundidade pontos fundamentais da história universal; que esteja atento aos reais problemas políticos; que apreciem a boa arte clássica; a música erudita; que se vista e porte-se com elegância... No geral, irás encontrar pessoas ordinárias, cuja maior preocupação é sobreviver, e nessa lida, ignoram tudo o que a alta cultura produziu. O maior desafio, dizem alguns, é provar a estas pessoas que arte e cultura possuam alguma importância em suas vidas. Mas a grande verdade é que, alta cultura não foi feita para o deleite de todos. Tão pouco será fácil provar que elas possuam alguma utilidade extraordinária.  
A grande verdade é que a alta cultura é um arcabouço de coisas inúteis... Elas não satisfazem nenhuma necessidade imediata e inadiável do homem; ela não sacia a fome e a sede de ninguém; não cura enfermos; não abriga famílias... Pergunte-se, o que uma família carente de tudo faria com um concerto de Bach ou com a obra completa de Shakespeare? É bem provável que ele espere o concerto acabar para pedir os pratos da percursão para usar na cozinha e os livros de Shakespeare para acender sua lareira. Reconhecendo a completa inutilidade da literatura; da música, da pintura para a existência do homem, reconhecemos, porém, o seu valor incalculável e a sua necessidade intima para o homem... E o mais extraordinário: que embora inúteis, nenhuma sociedade viveu sem elas. Há coisas inúteis sem as quais nenhum homem parece viver sem. E isso é o mais estarrecedor. Nem tudo que é inútil é sem valor... Há coisas sem qualquer utilidade cujo valor excede o que mais útil o homem comum julga; e há coisas de grande utilidade sem valor. Valor e utilidade nem sempre são complementares. E é exatamente esse interesse por certas coisas que não são de todo uteis que nos coloca acima dos animais: imagine, pois, que os únicos interesses dos homens sejam: dormir, comer, beber transar e ter filhos. Que vida mais sombria teríamos? Retire todo o aparato artístico, filosófico e literário de nossa sociedade e deixe apenas as necessidades biológicas e vereis o caos em seus extremos.

REPENSANDO A FAMIGERADA POLARIZAÇÃO

  Tirinha de Caran D'Arche T enho fartas razões para crer que "a unidade em questão política é uma exceção. A polarização é a regra...