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-------------------- ERICK FERREIRA -----------------
Durante toda a história da Educação, poucos alcançaram tão grandes êxitos na missão educativa quanto os jesuítas. Foram mais de 200 anos de aplicação intensa de seus métodos com resultados extraordinários. Sobre este sucesso, escreveu o renomado historiador da educação Paul Monroe: "Incontestável é o mérito das escolas jesuítas, que foram as instituições educativas de maior êxito por 200 anos e que educaram muitos dos líderes da Europa neste período" (História da Educação, 1952, p. 206) e Gilbert Highet em seu célebre "A arte de ensinar", enalteceu, igualmente, os feitos jesuíticos: "O sucesso da educação jesuíta é provado por seus graduados. Ela produziu uma longa lista de sábios e oradores, escritores, filósofos e cientistas. E ainda que tivesse produzido nada além de jesuítas, ela não seria menos importante. Seu valor é o que prova o valor de seus princípios, por ser capaz de desenvolver um largo número de homens dotados dos mais vastos e diversos talentos" (The art of teaching. New York: Vintage Books, 1955. p. 198-199) O objetivo da Educação Jesuíta, conforme é apresentado na Ratio Studiorum (Plano e Organizacão dos Estudos Jesuítas) era guiar os homens "ao conhecimento e amor de nosso Criador" (Ratio, 1, 1) Algo aparentemente simples, que se confundiria com o programa seguido por qualquer escola catequética. No entanto, isso era feito através de uma exuberante formação humanística acompanhada de sólidos fundamentos cristãos. E isso dentro de um rigoroso método disciplinar, semelhante ao das ordens militares. E é, talvez, nesta rígida disciplina que reside parte da receita de sucesso dessa instituição. É fora de dúvida que para se atingir grandes resultados na vida de estudos, é imprescindível a disciplina e o sacrifício. E isso, os jesuítas souberam usar em proveito de seus estudantes.
As escolas jesuítas possuíam uma disciplina e um chamado especial ao sacrifício em nome do progresso intelectual fora do comum. E se lhes vem a mente que tal ordem e disciplina era obtida mediante castigos corporais, engana-se profundamente. As escolas jesuítas foram pioneiras na eliminação de castigos corporais no processo de aprendizagem; algo que era tão comum nos métodos educacionais da época. O controle e a disciplina eram obtidos através de um fabuloso sistema de recompensa. Os estudantes ficavam tão entusiasmados com as posições e os prêmios adquiridos pelo desempenho acadêmico que se impunham uma rígida disciplina e sacrifício pelo progresso nos estudos. O mesmo rigor se verificava entre os mestres e diretores. Estes eram regidos por um rigoroso e eficaz sistema de controle, hierarquicamente disposto. Cada escola era administrada por um reitor que devia prestar contas periodicamente ao superior provincial de suas atividades e de seus subordinados. E abaixo do reitor, estavam os "prefeitos de estudos", que auxiliavam o reitor na administração e supervisão da escola, e abaixo deste, os "inspetores de estudos" que supervisionavam o desempenho dos professores. Esta constante vigilância de um sobre o outro cooperava para que cada funcionário desempenhasse com o máximo rigor suas funções.
Entre os alunos, a mesma rigidez organizacional se verificava, com sua própria hierarquia. Toda esta disciplina cooperava não somente para os resultados fabulosos da educação jesuítica, mas também, para uma ordem imperturbável nas escolas. Os alunos aprendiam antes a amar seus mestres, do que a temê-los; mesmo quando estes estavam longe de seu campo visual.
Por outro lado, uma das acusações mais frequentes que se levantou contra a educação jesuíta é a de que esta gerava homens totalmente submissos à autoridade da Igreja. No entanto, ignora-se que os homens mais irrequietos e transgressores da história passaram pela educação jesuíta: Voltaire, Heidegger, Descartes, Montesquieu, Robespierre, Fidel Castro, são alguns destes exemplos. Mas, além de gênios rebeldes, os jesuítas formaram os mais notáveis cientistas, apaixonados pela verdade, como Lemaître, Boscovitch; gênios da literatura como Molière, Tasso, Goldone, Calderon de la Barca, e a lista segue às alturas. Se uma educação acusada de ser repressiva e dogmática gerou tais gênios, por que as pedagogias modernas, que se pejam de libertadoras, só geram homens dependentes de suas ideologias, e nada além disso?
Os jesuítas obtiveram os mais surpreendentes resultados na arte de ensinar, até serem interrompidos tragicamente, em 1773, com a supressão da ordem pelo Papa Clemente XIV. Esta foi uma das maiores catástrofes educacionais da história, senão, a maior. Mais de 500 escolas foram fechadas na Europa, e outras 100 na América Hispânica e na Índia. Se isto não houvesse ocorrido quantos gênios não teriam sido formados pelos jesuítas?
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