Lidar com adolescente é muito complicado por todas as razões que já conhecemos. Em nenhuma outra fase da vida o indivíduo se vê tão sacudido por neuroses e paranoias como na adolescência. Há uma preocupação desmedida com a aparência; a autoestima sofre surtos constantes, vagando entre altos e baixos; há crise de autoconfiança; temores infundados; e acima de tudo: preocupação desnecessária com a opinião alheia. O desejo de aceitação o levará as atitudes mais ridículas, que mais tarde, só deixarão como lembrança, a vergonha. No entanto, com a chegada da maturidade essas coisas se dissipam. O indivíduo sabe quem é e o que deve fazer; ele já formou uma personalidade que se apresenta imune aos temores infundados da juventude; ele já não se preocupa em agradar a todos, possui segurança em suas palavras e ações e não perde tempo com bobagens.
Bem, essa deveria ser a realidade da maioria, mas está bem distante do que vemos.
Por alguma razão que desconheço, as pessoas não estão seguindo esse percurso natural de superação dos temores juvenis para adentrar nas seguranças da maturidade. É comum, em nossos tempos, encontrar indivíduos de 20, 30 e até 40 anos com as mesmas fragilidades e temores de um adolescente. E esse é um fato que exige profundas interrogações. O que aconteceu com essa geração? Por que poucos atingem a maturidade que era comum a todos os adultos de outras épocas? A resposta pode estar nos pais, mas também pode estar em outras dimensões da vida social. Embora, mirabulosos ideólogos irão desgastar páginas e mais páginas com fabulosas lucubrações de projetos políticos, filosóficos e culturais que passam bem distante da realidade. A verdade é que parte de uma resposta para essa questão deve ser buscada, a princípio, na mentalidade dos criadores dos eternos adolescentes: os pais; para só depois, em outras realidades.
A superproteção paterna e materna tem destruído qualquer perspectiva de maturidade para muitos indivíduos. Mas é bem possível que a ausência de proteção também tenha produzido os mesmos efeitos. Em uma investigação particular empreendida há alguns anos, observei que "filhos únicos" costumam sofrer um grave retardamento na aquisição da maturidade. E observei ainda que isso é menos comum entre os "filhos do meio". Obviamente, alguns me objetarão dizendo que "sempre houve filhos únicos" na história, No entanto, redargo, dizendo que tal realidade não fora tão comum como hoje.
O "filho único" é um fenômeno generalizado de nosso século. Outrora, eram raras as famílias que tinham apenas um filho.
Portanto, é fora de cogitação que a maioria dos casais modernos optam pelo filho único, e a este filho único dedicam uma quantidade incomum de cuidados que os torna incapazes de enfrentar o mundo sozinho. E estes, ao ingressar em uma sociedade de outros milhões de filhos únicos, dificilmente saberão lidar com a "terrível" verdade de que eles não são tão "únicos" como seus pais lhes fizeram pensar. Cabe, porém, ressaltar que nem todos os filhos únicos sofrerão as mesmas dificuldades na aquisição da maturidade, mas, julgo evidente, que eles estão mais propensos que os outros a sofrerem esse retardamento.
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